terça-feira, 16 de março de 2010
Diário de uma menina - Parte II
Querido Diário
Faz um tempão que não venho aqui, né? É que aconteceram tantas coisas que se fosse contar tudo, tintin por tintin daria para virar uma novela. Não estou com muito tempo para escrever, vou tentar ser breve. Sabe aqueles rumores de guerra que havia escrito? Eram reais e se tornaram em guerra de verdade. Foi horrível e só de pensar, fico assustada e dói o meu coração. Minha casa foi destruída por completo. Eu fui presa e trazida com outros prisioneiros a um país de uma língua estranha. Chorei muito e não me conformava com a situação. Cheguei a pensar que Deus me abandonou e apenas queria morrer. Foram noites e mais noites banhadas em lágrimas.
Numa dessas noites, lembrei de algo que havia prometido para mim mesma, que era "optei em confiar em Deus". Quando lembrei dessas palavras disse para mim mesma: Eu quero viver! Então mudei de postura e tentei dar o melhor de mim. Sei que sou inteligente e tenho me esforçado em aprender a língua desse povo. Sei que sou escrava aqui, então vou tentar ser uma boa escrava e aprender com a situação. Não é fácil, quando penso na minha terra e no meu povo, tenho vontade de abandonar tudo e simplesmente morrer, mas preciso ter paciência e saber que Deus está no controle de todas as coisas.
Querido Diário
A casa onde vivo é muito bonita e tem muitos escravos. Não somos maltratados, pelo contrário, minha dona me trata bem e às vezes ganho presentes. Não sei se você vai me entender... Mas... Deus também ama essas pessoas aqui, não é incrível? Então se Deus os ama, vou tentar dar o melhor de mim para eles e em conseqüência a isso, sou muito bem tratada.
Dia desses, a cozinheira me pediu para ir a feira. Encontrei com uma amiga do meu vilarejo. Não me contive e pulei no seu pescoço, abraçando-a e beijando-a. Ela tinha marcas profundas de dor e de sofrimento. Não chorou, não sorriu. Tinha no seu olhar um ódio imenso e dizia que odiava aquele povo, odiava seus donos, odiava a Deus por estar ali. Tentei amenizar o seu ódio. Perguntei-lhe se havia aprendido um pouco da língua e ela respondeu que não tinha interesse em nada daquele país pagão e que preferia morrer. Nisso, ela foi retirada dali bruscamente pelo seu amo.
Fiquei com dó de minha amiga. Um sentimento de revolta inundou o meu coração, mas ao retornar para a casa com as compras percebi que não adiantaria nutrir aquele sentimento de ódio e vingança dentro de mim, aquilo só me atrairia a morte e tudo o que eu queria era viver e ser livre para poder pisar o solo da minha pátria amada.
Querido Diário
Poderia desejar o mal para os meus patrões e tentar envenená-los com meu olhar, com minhas atitudes, mas não sei ser assim. Eu me importo com eles. Na verdade, até gosto deles. Minha patroa anda triste, pois seu marido está muito doente. Ele já foi ao médico, mas essa doença não tem cura. Volta e meia vejo-a chorando pelos cantos da casa, mas quando me vê, disfarça e finge estar tudo bem.
Hoje acordei pensando no profeta, não me contive e disse para a minha patroa.
- Lá na minha terra tem um profeta muito bom. Ele já ressuscitou um menino. Se meu patrão for lá falar com ele, tenho certeza de que ele vai ser curado.
Percebi um brilho no olhar de minha patroa e um discreto sorriso de gratidão. Ela saiu correndo e foi procurar o marido. Não sei o que conversaram, mas o percebi animado. Estava muito bem vestido e perfumado, pois tinha uma audiência com o rei.
Sei que sou uma simples escrava, mas meu coração ficou muito feliz em poder tentar reanimar a esperança aqui nessa casa. Talvez seja esse o propósito de Deus aqui nesse lugar, né?
Aguarde a continuação no próximo post... Na féDani
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